Me parecia ser um dia qualquer no sítio do meu avô. Aquele ambiente de interior, quente, mas agradável. Dava pra ouvir o canto dos pássaros, o rangido da corda deslizando sobre a roldana no poço. Eu estou sentado em uma cadeira de balanço de ferro ornamentada com fibras azuis e brancas. Estou no alpendre, observando meu tio trocar mais um cd no seu vasto acervo de cds antigos datado de mil novecentos e não sei quando. Ele me disse que coleciona música, ele adora ouvir esses cds dos quais ele já perdeu a conta. Como de costume, ouve as canções com sua cervejinha. A canção começa, ouço ainda o chiado do disco gravado no cd. Um canção de uma época que desconheço começa a soar. Ele se dirige até mim. Em uma mão o encarte do cd,na outra o copo de cerveja. Me conta uma curiosidade da música. Eu sempre acho fantástica a explicação.
Me pergunto o que se passa na cabeça dele. Essa tranquilidade. No meio do nosso diálogo eu comento:
– Tio, quero chegar nessa idade assim despreocupado. Me conta qual o segredo.
Ele com entusiamos de quem já tinha uma resposta pronta para aquela pergunta, me responde:
– Ora Thallys. Você deve seguir apenas duas regras.
– Que regras?
– A primeira é: não se preocupar com besteira. A segunda: Tudo é besteira!
Abri um sorriso de quem compreendeu totalmente aquelas regras tão simples. Desde então tento segui-las, se você conseguir, me ensine como. Você gostou dessas regras?
Garoto Perdido