O que a Frida me ensinou

Cachorrinha Frida

   Ano passado, nós (eu e minha parceira) adotamos a Frida. A Frida é uma vira latinha que muito nova foi atropelada por uma pessoa que não prestou os devidos socorros. Ela quebrou o úmero e teve a coluna partida acarretando a perda dos movimentos das patas traseiras.  Minha esposa se comoveu com a história e resolveu adotá-la, digo que foi ela porque eu não queria no primeiro momento.  

   Como a maioria das pessoas que veem a Frida eu pensava que ela daria muito trabalho e ficaria “encostada”, triste e sem muita motivação de existir. Teve gente que aconselhou eutanasiar ela para acabar com o seu sofrimento. Ao longo dos meses convivendo com a Frida eu percebi que essa era uma limitação minha e das pessoas que pensam isso dela. Como todos os animais que não são seres humanos, a Frida vive o hoje. Ela não pensa no passado ou no que ela era ou fazia. Ela vive o agora, anda com as patas dianteiras, brinca, come e dorme. Ela é feliz, nem parece que passou por um trauma.  

   A Frida não está preocupada se você tem pena por ela não andar como uma cadelinha “normal”, ela quer viver do jeito que ela pode e pronto. Sua felicidade mediante a tudo que lhe aconteceu mudou minha forma de ver a vida. O mesmo acontece com seres humanos que superam suas deficiências e transtornos. A pessoa não é somente uma cadeira de rodas ou uma deficiência. Ela é muito mais complexa do que isso e é leviano levar apenas isso em conta. Existem muitas formas de viver e ser feliz diferente das caixinhas que a sociedade nos impõe. A Frida me diz todos os dias que erro brutal teríamos cometido se a tivesse sacrificado por achar que ela não conseguiria viver assim. 

 

Garoto Perdido

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